sábado, 31 de maio de 2014

SANEAMENTO E SAUDE

Sexta, 30/05/2014, cbn.globoradio.globo.com/ Em Copa do saneamento básico, Brasil ficaria em 25º lugar e cairia ainda na fase de grupos É o que mostra um levantamento feito pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Entre os países da América do Sul, o Brasil ficaria à frente apenas da Colômbia. A seleção campeã seria a Alemanha. Brasil e Croácia, vitória da Croácia. Brasil e México, vitória do México. Brasil e Camarões, vitória do Brasil. Se a Copa do Mundo fosse disputada pelas condições sanitárias, a seleção canarinho conquistaria apenas três pontinhos e seria eliminada na primeira fase. A campeã seria a Alemanha, seguida da vice França, Holanda e Austrália. A comparação entre seleções feita pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental tomou como base dados oficiais do Unicef e da Organização Mundial da Saúde. Apesar de o Brasil obter um índice considerado satisfatório - 81,3% da população têm acesso a itens essenciais, como um vaso sanitário, por exemplo -, a realidade ainda é muito problemática. ‘Nem todas têm. Fazem [as necessidades fisiológicas] em baldes e jogam na caixa de esgoto. Fica a céu aberto’, responde uma moradora. ​ ‘O esgoto entra aqui na casa da senhora?’ ‘Entra, aqui entra. As crianças sabem. Chegou da escola, sobem todas, porque lá fica melhor para eles, não ficam no esgoto’, lamenta outra mulher. ‘É horrível’, completa mais uma moradora indignada. ‘Fedor, é muito ruim. E dá muito pernilongo e rato também.’ Para o especialista em saneamento, Luiz Roberto Pladevall, o problema só será equacionado quando houver uma ação conjunta entre os governos federal, estadual e municipal. Enquanto isso, o Brasil só perde com a falta de investimentos no setor. ‘A cada R$ 1 investido em saneamento, se economizam R$ 4 em saúde. Então, é muito mais barato fazer a prevenção do que depois tratar do doente' ​​ O levantamento Copa do Saneamento mostra ainda que, na classificação geral, o Brasil ganha apenas da Colômbia, Rússia, Honduras e dos países da África, que estão entre os piores colocados, sendo a Nigéria a última Leia mais: http://cbn.globoradio.globo.com/grandescoberturas/copa-2014/2014/05/30/EM-COPA-DO-SANEAMENTO-BASICO-BRASIL-FICARIA-EM-25-LUGAR-E-CAIRIA-AINDA-NA-FASE-DE-GRUP.htm#ixzz33KjGiWpP

SAUDE E GOVERNO_ABORTO

Filipe Matoso Do G1, em Brasília O Ministério da Saúde revogou nesta quinta-feira (29) a portaria 415, publicada na semana passada e que incluiu o aborto por razões médicas e legais na Tabela de Procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS). A portaria da revogação, de número 437, foi publicada na edição do "Diário Oficial da União". É assinada pelo secretário de Atenção à Saúde, Fausto Pereira dos Santos, e não apresenta justificativa. Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde informou ter decidido revogar a portaria em razão de o governo federal não ter acertado detalhes da publicação com os governos estaduais e municipais. Além disso, de acordo com a assessoria, está incorreto o cálculo de R$ 443,40, valor que seria pago aos hospitais pelo procedimento. Por isso, segundo o ministério, a portaria deve ser reavaliada. Por meio de seu site na internet, o deputado Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na Câmara, informou que alertou o ministro da Saúde, Arthur Chioro, de que apresentou na Câmara um projeto de decreto legislativo para revogar a portaria. "Nesta quarta (28), o ministro me procurou para comunicar que estudou a portaria editada por uma secretaria do ministério e entendeu que havia falhas. Logo, resolveu revogá-la para melhor estudá-la", disse Eduardo Cunha, segundo o site do deputado.

PESQUISA

OS CAMINHOS DA DESCOBERTA Um dos precursores da pesquisa de toxinas animais para a obtenção de fármacos revela detalhes sobre a criação do anti-hipertensivo captopril e diz que o Brasil deve aproveitar o conhecimento gerado por seus próprios cientistas Os caminhos da descoberta Um dos precursores da pesquisa de toxinas animais para a obtenção de fármacos revela detalhes sobre a criação do anti-hipertensivo captopril e diz que o Brasil deve aproveitar o conhecimento gerado por seus próprios cientistas Por Alice Giraldi Serendipity. O sentido original dessa expressão de origem inglesa é "capacidade de fazer descobertas importantes por acaso". É assim que o médico e farmacologista Sérgio Henrique Ferreira, 75 anos, define as condições que o levaram, em 1965, a isolar o fator de potenciação da bradicinina (BPF), substância com atividade vasodilatadora e hipotensiva presente no veneno da cobra Bothrops jararaca. A descoberta de Ferreira possibilitou a criação do captopril e de toda uma geração de medicamentos mundialmente utilizados no tratamento da hipertensão e da insuficiência cardíaca. Embora o pesquisador credite a identificação do BPF ao acaso, em ciência vale mais a máxima atribuída a Louis Pasteur: "O acaso só favorece a mente preparada". No caso do jovem cientista Sérgio Ferreira, "preparada" não queria dizer necessariamente experiente, mas curiosa, criativa, determinada e com uma particular capacidade de observação. Quando identificou o fator de potenciação da bradicinina, molécula que havia sido isolada em 1948 pelo renomado farmacologista brasileiro Maurício Rocha e Silva, Ferreira contava apenas 31 anos de idade, era médico recém-formado e aluno de pós-graduação no Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP). Ao lado do mestre Rocha e Silva, o cientista é um dos precursores nas pesquisas sobre a utilização de toxinas animais no desenvolvimento de fármacos. Ainda hoje, o captopril e os demais anti-hipertensivos que dele derivaram são os únicos exemplos acabados de um veneno animal sintetizado e usado com finalidade terapêutica. A droga acabou se convertendo em um dos maiores sucessos da indústria farmacêutica mundial, numa história permeada por lances dramáticos, que envolveu um processo de propriedade intelectual e patente do qual o pesquisador brasileiro terminou excluído. Mecanismos de analgesia Se não houve compensação financeira para o cientista que originou tal descoberta, não tem faltado a ele o reconhecimento de seus pares. Ao longo de sua carreira, Sérgio Ferreira recebeu inúmeros prêmios e condecorações e foi citado em cerca de 11 mil artigos científicos. Em 1990, a Sociedade Norueguesa de Hipertensão instituiu o Prêmio Ferreira Award, concedido a cientistas cujas pesquisas alcançam lugar de destaque na área de hipertensão. Desde 1984, o pesquisador é membro da Academia Brasileira de Ciências, presidiu a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) entre 1997 e 1999 e hoje integra a National Academy of Sciences (NAS), dos Estados Unidos, como membro estrangeiro. O respeito da comunidade científica se apoia também no fato de que a lista de contribuições de Ferreira à ciência não se restringe ao tema do controle da pressão arterial. Na década de 1970, quando trabalhava com o bioquímico inglês John Vane, o pesquisador ajudou a desvendar o mecanismo de ação da aspirina, até então desconhecido. Em 1982, a descoberta rendeu um Nobel a Vane, que citou diversas vezes o pesquisador brasileiro em seu discurso de agradecimento pelo prêmio. Desde então, Ferreira tem se dedicado ao estudo dos mecanismos moleculares da dor e da ação dos analgésicos e é reconhecido internacionalmente como uma autoridade nessa área. Além de manterse em plena atividade de pesquisa, a cada dois anos, o professor ministra um curso de pós-graduação na área de dor no Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, ao qual está vinculado há quatro décadas. Suas atividades incluem ainda a manutenção do site Dor Online (DOL) - criado, coordenado e financiado pessoalmente por ele, com recursos recebidos em premiações científicas. O espaço virtual publica boletins semanais sobre tópicos de interesse para clínicos, especialistas, pesquisadores e também para o público leigo. Na entrevista a seguir, concedida à Pesquisa Médica, Sérgio Ferreira revela detalhes históricos sobre a descoberta do fator de potenciação da bradicinina, fornece a sua própria versão a respeito do episódio que envolveu o depósito da patente da molécula por uma empresa internacional e opina sobre o que o Brasil deve fazer para aproveitar o conhecimento de seus cientistas no desenvolvimento de seus próprios fármacos. Pesquisa Médica - Quase meio século se passou desde que o senhor isolou o fator de potenciação da bradicinina, que deu origem ao captopril, e ainda hoje circulam diferentes versões dessa história. Como aconteceu de fato essa descoberta e a sua transformação numa das drogas mais bem-sucedidas da indústria farmacêutica? Sérgio Ferreira - Em 1961, quando eu era aluno do professor Maurício Rocha e Silva na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, chegaram ao laboratório algumas ampolas de bradicinina sintética. Logo percebi que a versão sintética era fraquinha quando comparada à produzida a partir do veneno. Aí, pensei com os meus botões: vou tentar descobrir um potenciador de bradicinina. Como já havia o modelo da acetilcolina, cuja potenciação se dava quando se inibia a sua destruição, pensei em fazer o mesmo com a bradicinina. Naquela época, chegou às minhas mãos uma revista científica em que havia um artigo sobre a carboxipeptidase. Tratava-se de uma metaloproteína, portanto, uma enzima que continha um metal. Imaginei que substâncias quelantes poderiam inibir essa enzima. Dito e feito: em 1962, eu já estava publicando um paper mostrando que alguns quelantes eram capazes de inibir a carboxipeptidase. Então decidi fazer um experimento com a bradicinina. Colocamos o veneno da Bothrops na musculatura lisa da cobaia e ela se contraía. Pensei que isso poderia ocorrer porque o substrato da bradicinina ainda estava presente na preparação e decidi usar o quelante para potenciar e demonstrar isso. Eu estava trabalhando com controles de histamina, de acetilcolina e, para a minha surpresa, quando coloquei veneno nos controles, percebi que este só potenciava a bradicinina, não potenciava os controles. Imediatamente, precipitei as proteínas do veneno para separar os peptídeos - e verifiquei que havia alguns peptídeos capazes de potenciar a bradicinina. Isso é serendipity. Como eu já tinha feito a mesma coisa com a carboxipeptidase e o inibidor de metaloproteína, reconheci o mesmo fenômeno quando vi aquela potenciação. Mas fui educado no processo. Eu não era farmacólogo. Ninguém do grupo era. Pesquisa Médica - Como o professor Rocha e Silva reagiu à sua descoberta? Sérgio Ferreira - Contei ao professor e ele duvidou que um jovem, como eu era, que não entendia bulhufas de ciência, pudesse ter descoberto algo tão importante. Mas Rocha e Silva ia viajar, então, eu disse a ele que, na sua ausência, tentaria isolar a molécula. Ele me estendeu um frasquinho com veneno de Bothrops e disse: "Se isso for verdade, quando eu voltar você já terá demonstrado". Fiz novos experimentos e mostrei que era um peptídeo do veneno que potenciava. Ele não tinha nenhum efeito por si só, agia apenas quando se colocava a bradicinina, e escrevi um paper. Quando o professor voltou da viagem e viu o experimento que eu havia feito, bateu nas minhas costas e disse: "Este ano fizemos uma boa descoberta". Pesquisa Médica - E vocês, daí, publicaram o artigo? Sérgio Ferreira - Como Rocha e Silva era o catedrático, pensei que ele iria entrar no estudo e assinar como dono do assunto. Eu havia entregue o meu paper para ele dar uma olhada. Uma semana depois, ele me procurou e me deu o artigo de volta, com o nome dele riscado. Eu perguntei: "Professor, o senhor não acredita nos meus resultados?". Ele respondeu: "Eu acredito. Mas, se eu entrar, ninguém vai acreditar que você fez sozinho". Além de tirar o nome dele, o Rocha e Silva ainda mandou o artigo para o British Journal of Pharmacology, com uma carta, para ser publicado. Que atitude! Pesquisa Médica - De que maneira o fator de potenciação da bradicinina chegou à Inglaterra e foi patenteado por um laboratório internacional? Sérgio Ferreira - Em 1964 me candidatei a uma bolsa na Inglaterra e fui trabalhar com o John Vane, em Londres. Durante três anos, fizemos ensaios com a bradicinina e a prostaglandina. Em 1967, de volta ao Brasil, continuei a trabalhar no fator de potenciação. Em 1968, a convite do Rocha e Silva, recebemos a visita de um químico americano chamado Lewis Green, que também havia se interessado pelo BPF. Juntos, identificamos a estrutura molecular do tetrapeptídeo. Esse trabalho foi a base para a síntese do primeiro fator. Em experimentos sobre hipertensão animal realizados em Ribeirão Preto com o professor Krieger (NR: Eduardo Moacyr Krieger, médico e fisiologista brasileiro), havíamos mostrado que o pentapeptídeo sintético funcionava. Durante a minha segunda estada na Inglaterra com o John Vane, fizemos estudos que deixaram claro que a mesma enzima que destruía a bradicinina era capaz de converter angiotensina I em angiotensina II. Isso queria dizer que, ao fazer a potenciação da bradicinina, inibíamos a conversão da angiotensina. Foi aí que se juntaram os quadros. Pesquisa Médica - E o desenvolvimento do fármaco foi obtido como? Sérgio Ferreira - O John Vane, que era assessor da Squibb e amigo íntimo do presidente do laboratório, levou essa informação para lá e disse: "Isso vai servir para inibir a hipertensão". Naquela época, o setor de peptídeos da Squibb estava à morte, mas eles resolveram tocar adiante a minha pesquisa, sem muita expectativa. Trabalharam na purificação das moléculas. A primeira molécula, que era o pentapeptídeo, eu já tinha mostrado, então eles não podiam patentear. Mas purificaram as outras e patentearam. Teoricamente, eles não poderiam ter a patente, porque se tratava de uma substância de origem animal. Mas não falaram nada e publicaram como sendo uma estrutura que eles inventaram. Eu chamava o fator de potenciação da bradicinina de BPF, do inglês bradykinin potentiating factor, e eles passaram a chamar de ACE, de angiotensin converting enzyme, ou enzima conversora de angiotensina, o que, do ponto de vista ético, estava errado. Porque, por definição, quem tem o direito de nomear a família é aquele que faz a primeira síntese. Pesquisa Médica - O que houve a seguir? Sérgio Ferreira - A Squibb fez experimentos com o nonapeptídeo, mostrando que funcionava no controle da hipertensão humana. Mas o nonapeptídeo era muito caro para ser sintetizado e não funcionava por via oral, teria de ser injetável. O laboratório pensou em desistir do projeto, mas, nesse momento em que estava para desistir, dois americanos entraram na história. Eles inventaram um jeito, a partir da estrutura de um peptídeo que inibia a metaloenzima, de transformá-lo em um não peptídeo. O pessoal da Squibb levou o maior susto, porque a essa altura vários laboratórios farmacêuticos já haviam entendido que era importante fazer isso. Então correram e sintetizaram uma dezena de moléculas semelhantes, com base no último dos aminoácidos de todos os peptídeos, que era uma prolina, acoplando-a a um radical SH. Isso viabilizou a forma oral e baixou os custos. Assim foi criado o captopril. Pesquisa Médica - O senhor tem participação em outra importante descoberta científica, a que revelou os mecanismos de ação da aspirina. Sérgio Ferreira - Sim. Em 1971, eu havia voltado a trabalhar com o John Vane em Londres e o grupo dele descobriu o mecanismo de ação da aspirina, que acontece pelo bloqueio da síntese da prostaglandina. Minha contribuição a essa descoberta por vezes é esquecida, mas é por esse motivo que até hoje atuo no programa de dor. Naquela época, os testes de dor em humanos eram realizados na subderme exposta, pela formação de bolhas na pele, provocadas com cantaridina. Fazíamos testes com a prostaglandina, mas não havia dor nenhuma. Então, como explicar a analgesia pelo bloqueio da síntese da prostaglandina, já que ela não causava dor? Eu queria fazer um experimento em animal, mas não obtinha permissão, porque não sabia dizer exatamente o que queria descobrir. Entretanto, pela legislação britânica, eu poderia fazer essa experiência em humanos porque, como médico, seria o responsável. Então, convidei vários artistas e cientistas brasileiros que estavam exilados em Londres. Passamos uma tarde testando todas as substâncias que poderiam causar dor. Lá pelas cinco horas da tarde abrimos o protocolo, olhamos e vimos que estava uma bagunça generalizada: a histamina tinha mais efeito que a prostaglandina, nada batia. Na Inglaterra é costume dizer que "as mágoas a gente não leva para casa, lava no pub". Então fomos todos para o pub. Fazia frio e estávamos vestindo uns casacões, que deixamos pendurados perto da porta. Horas depois, quando decidimos ir embora, fomos vestir de novo os casacos. Aí notamos que em alguns locais em que havíamos feito os testes sentíamos dor quando o tecido do casaco roçava. Perguntei se todos sentiam algo semelhante. Como a resposta foi "sim", pedi para tirarem os casacos e fui olhar. Percebi que só havia dor nos locais em que havia sido injetada a prostaglandina. A conclusão foi que a prostaglandina não causava dor, mas sensibilizava para a dor sob estímulo mecânico, químico. Pesquisa Médica - E quanto às outras descobertas sobre analgésicos que foram feitas pelo seu grupo de pesquisa? Sérgio Ferreira - Entre outras coisas, descobrimos o mecanismo de ação da dipirona, que, diferentemente da aspirina, bloqueia diretamente a hiperalgesia, e fomos os primeiros a mostrar que a morfina tem ação periférica. Trabalho com a ideia de que a morfina não deve entrar no sistema nervoso central para não causar problemas. Quando se acrescenta um metil à morfina, ela não cruza a barreira hematoencefálica no cérebro e na medula espinal. Essas drogas têm atividade analgésica central sem que provoquem os efeitos colaterais no estômago e a paralisação do intestino causados pela morfina. A crotalfina, isolada no Butantan, é um analgésico com ação periférica. Já analisamos e vimos que, possivelmente, em virtude do tipo de molécula, não penetra na massa encefálica. Pesquisa Médica - Como o senhor vê o surgimento dessas novas moléculas, como a crotalfina, e o momento atual brasileiro em que parece haver disposição para investir no desenvolvimento de biofármacos? Sérgio Ferreira - Não basta chegar à molécula, é necessário fabricar as drogas. Aliás, nunca vamos chegar à molécula se não fabricarmos as drogas, porque o investimento é grande para chegar a ele e é preciso recuperá-lo. Costumo dizer que o que caracteriza o subdesenvolvimento de um país é a sua incapacidade de utilizar o conhecimento gerado pelos seus próprios cientistas. Chegamos a fabricar medicamentos no Brasil - antibióticos, por exemplo −, mas essas indústrias não progrediram, porque não houve investimento suficiente para manter a produção. Nossa indústria química morreu com a abertura comercial nos anos 1990, que ocorreu sem nenhuma proteção. Ela arrebentou com as nossas indústrias, porque não havia como competir com as empresas estrangeiras. Perdemos grande parte dos nossos químicos, que, depois disso, foram trabalhar em outros países. Creio que, no Brasil de hoje, desenvolvimento tecnológico na área farmacêutica é fazer a indústria química ir para a frente. - Endereço web: http://www.revistapesquisamedica.com.brtextos.asp?codigo=11735

NOTICIAS DA ANVISA

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a distribuição, o comércio e o uso, em todo o país, do medicamento Resfenol, solução oral gotas, fabricado pela empresa Kley Hertz S.A. Indústria e Comércio. A agência cancelou o registro do antigripal sob a alegação de que o produto não apresenta estudos clínicos que comprovem sua eficácia. A empresa fabricante fica responsável pelo recolhimento de todo o estoque existente no mercado. A resolução, publicada no Diário Oficial da União, entra em vigor hoje (30). Leia também no Portal EBC: Anvisa suspende venda de medicamento para controle de diabetes Anvisa adia decisão sobre substância derivada da maconha Também foi suspenso pela Anvisa o Lote 09411231 do antibiótico Cefalexina 500mg comprimido, fabricado pelo Laboratório Teuto Brasileiro e com validade até janeiro de 2016. O fabricante já iniciou o recolhimento voluntário de lote, por apresentar oito comprimidos na embalagem com dez. O Lote 46199 do antiácido Kollangel 100ml suspensão oral (hidróxido de alumínio + hidróxido de magnésio), produzido pela empresa Natulab Laboratório S.A, foi suspenso pela agência por apresentar resultados insatisfatórios nos ensaios de aspecto e de contagem do número total de microorganismos mesófilos. A empresa tem que recolher o estoque existente desse lote no mercado. O produto CAMOMILAbaby C (suplemento de vitaminas C e D em cápsulas) também teve suspensas pela Anvisa a fabricação, comercialização, distribuição, divulgação e utilização. O suplemento vitamínico estava sendo fabricado irregularmente pela D.S. Rodrigues Alimentos-ME, que não tem autorização de funcionamento para produção de medicamentos. A venda do produto era feita pela empresa Brascom Home Telemarketing Ltda. A empresa fabricante é responsável pelo recolhimento do produto. Editor: Nádia Franco